Marcha das Ocupações do Isidoro, em Belo Horizonte, MG, conquista apoio do prefeito de Santa Luzia, MG, contra Projeto do Prefeito de Belo Horizonte e de empresários para a Granja Werneck.
O povo das Ocupações não quer apertamentos em predinhos. O povo quer é terra para construir suas casinhas.
Ontem, dia 01/04/2014, dia dos 50 anos do início da ditadura militar-civil-empresarial, o povo das Ocupações Rosa Leão (1.500 famílias), Vitória (4.500 famílias) e Esperança (2.500 famílias), da Região do Isidoro, Belo Horizonte, MG, fizeram MARCHA DAS OCUPAÇÕES ATÉ A PREFEITURA DE SANTA LUZIA. Cerca de 600 pessoas marcharam 13 quilômetros a pé, atrapalhando o trânsito e causando quilômetros de engarrafamento. O objetivo era se reunir com o Prefeito de Santa Luzia, Carlos Calixto, para compor a Mesa de Negociação que está aberta sob a liderança do Governo de MG, com participação do Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Ministério das Cidades, Secretaria Geral da Presidência da República, Brigadas Populares, MLB, Comissão Pastoral da Terra, Arquitetos Sem Fronteira Brasil, Vereador Adriano Ventura (PT/BH) e as Coordenações das Ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa (de Contagem, MG). O povo não aceita ser despejado. Despejo forçado causará massacre e caos em Belo Horizonte. Logo, está evidente que esse gravíssimo problema social - fruto do capitalismo, da injustiça social que gera déficit habitacional enorme - só se resolverá de forma justa e pacífica pelo diálogo e por vontade política.
Após pressão do povo na porta da Prefeitura, fomos recebidos pelo Prefeito de Santa Luzia, juntamente com a vice-prefeita, Roseli Pimentel e vários secretários, entre os quais, Ronaldo Nascimento, secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano; Alecxandro Wnuk, Secretário Municipal de Obras Públicas; Hélio Eduardo, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, o que demonstrou, RESPEITO ao povo das Ocupações, e RESPONSABILIDADE, diante desse grave conflito no município vizinho, BH.
Foram 2,20 horas de reunião, enquanto cerca de 600 pessoas das Ocupações permaneciam se manifestando na porta da prefeitura de Santa Luzia. O Prefeito disse que pela manhã tinha se reunido com o Prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, ocasião em que colocou sua opinião contrária ao projeto de verticalização da Operação Urbana do Isidoro. Para nós, o prefeito de Santa Luzia disse que prefere que as ocupações ali presentes se consolidem em casas, com urbanização etc., pois o grande aumento populacional – cerca de 70 mil famílias em predinhos com apertamentos muito pequenos - provocado por uma possível verticalização da operação trará muitas complicações para a prefeitura de Santa Luzia. Disse ainda, que os apartamentos não correspondem ao desejo das famílias, pois o povo deseja morar em casas. Que é preferível investir o dinheiro na compra de lotes e na construção de dois cômodos – para o povo sem-casa -, que poderão ser aumentados pelas próprias famílias. E que o grande déficit habitacional da região metropolitana é um problema da região metropolitana, assim os prefeitos dessa região, mais o governo federal e do estado, devem se unir para encontrar soluções para o grave déficit habitacional. As lideranças exigiram empenho do prefeito para que o povo seja bem atendido nos postos de saúde e nas escolas municipais da região.
Em entrevista a frei Gilvander, o prefeito de Santa Luzia gravou em vídeo seu posicionamento contrário à construção de predinhos com apartamentos pequeníssimos na Região do Isidoro e defendeu o que o povo das ocupações exige: liberar terrenos para o povo passo a passo construir suas casas.
A reunião foi encerrada com o compromisso do Prefeito de Santa Luzia de participar da reunião da MESA DE NEGOCIAÇÃO e convocar uma reunião sobre o assunto na GRANBEL (Associação dos Municípios da RMBH).
Enfim, mais uma conquista política: reforço às reivindicações do povo das Ocupações que clamam: “liberem os terrenos para nós. Queremos terra. Não queremos apertamentos, cubículos para sobrevivermos apertados.” Ficou claro mais uma vez que as políticas habitacionais que tentam empurrar as famílias pobres para apertamentos em predinhos são injustas. Ninguém suporta sobreviver em predinhos com apertamentos muito pequenos. Isso é uma forma disfarçada de ir expulsando as famílias pobres para a periferia da periferia da região metropolitana. Por isso, o povo das Ocupações é contrário ao Programa Vila Viva, que, na prática, é Vila Morta e contrário ao Minha Casa Minha Vida, via Empresas construtoras. O povo exige desapropriação dos terrenos das Ocupações e Minha Casa Minha Vida via Entidades.
Mais um passo das Ocupações do Isidoro, até que venha a Vitória!
Pátria Livre! Venceremos!
Belo Horizonte, MG, 02 de abril de 2014.
Maiores informações também nos blogs das Ocupações, abaixo, confira:
www.ocupacaorosaleao.blogspot.com.br -www.ocupacaoesperanca.blogspot.com.br - www.ocupacaovitoria.blogspot.com.br
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